segunda-feira, 7 de maio de 2012

És o Sub-qualquer da Sub-coisa!

Já perdi a conta ás vezes que ouvi alguém dizer: - Sabe com quem está a falar? Existem pessoas assim, que não admitem ser interrompidas ou abordadas, pois consideram uma ofensa e ainda perguntam: - Sabe com quem está a falar? Aristóteles disse no séc IV a.C que o Homem é um animal racional, e nos dias de hoje esta frase ainda é bem actual. Pascal, no Séc. VII disse que o Homem é um organismo pensante, no entanto Fernando Pessoa tem a melhor definição de todas: O Homem é um cadáver adiado.Os cientistas com base na física quântica, acreditam que nós estamos num universo que têm provavelmente um formato cilindrico, em função da curvatura do espaço. Desde alguns anos a esta parte, era esta a única teoria, mas actualmente existem provas de que talvez não seja assim. Existem provas de que o nosso universo, é apenas um dos universos possíveis (multiuniversos). Este universo com formato cilindrico apareceu há cerca de quinze mil milhões de anos, após uma explosão que ficou designada de "Big Bang". Segundo a ciência, o universo estava todo contido num único ponto - teoria da mola -, com a matéria toda concentrada e a sua energia acumulada, que num determinado momento de concentração máxima de energia ele expandiu e dissipou toda a matéria concentrada. Segundo os cientistas, neste preciso momento, ainda estamos em expansão - teoria da mola em expansão. Se eu registar o céu esta noite e comparar em relação ao ano passado irei ver diferenças, porque o céu que vejo hoje é o céu de 08-05-2009 (3 anos atrás de acordo com a velocidade da luz). Por esse motivo, nunca se deve oferecer uma estrela a ninguém, pois essa já pode ter dono! De acordo com esta teoria, a matéria vai novamente voltar a concentrar-se num só ponto - Teoria da contração e expansão da mola - e deste modo já se prevê que o universo volte a estar com a sua matéria particulada toda concentrada novamente daqui a doze mil milhões de anos. A matéria concentrou-se naquilo a que nós designamos de estrelas, e essas agruparam-se naquilo a que designamos de galáxias, do grego Gála = leite (cor branca como o leite). Segundo os cientistas, no nosso universo existem cerca de duzentos mil milhões de galáxias, e uma delas é a nossa, que fica bem no extremo do formato cilindrico do nosso universo, a que se chamou de Via Láctea. Na nossa galáxia estão estimadas cem mil milhões de estrelas, e uma delas é o sol. O sol é então uma "estrelinha", que entre outras cem mil milhões de estrelas, compondo uma galáxia entre outras duzentas mil milhões de galáxias, num dos universos possíveis, e que um dia irá desaparecer. Em torno do sol, giram massas planetárias sem luz própria (9
pelo menos), a 3ª delas mais perto do sol é a Terra. E o que é a Terra? É um "planetazinho", que gira em torno de uma "estrelinha" (sol), que entre outras cem mil milhões de estrelas, compondo uma galáxia entre outras duzentas mil milhões de galáxias, num dos universos possíveis, e que um dia irá desaparecer. COMO SOMOS IMPORTANTES! Existem até pessoas que acreditam que "Deus" criou tudo isto só para nós existirmos aqui, neste "planetazinho" que gira em torno de uma "estrelinha" (sol), que entre outras cem mil milhões de estrelas, compondo uma galáxia entre outras duzentas mil milhões de galáxias, num dos universos possíveis, e que um dia irá desaparecer. Este é um "Deus" inteligente, pois entende bem a relação custo-beneficio, porque ele criou mil milhões de estrelas e galáxias, só para nós existirmos aqui, na Terra, que é um "planetazinho", que gira em torno de uma "estrelinha" (sol), que entre outras cem mil milhões de estrelas, compondo uma galáxia entre outras duzentas mil milhões de galáxias, num dos universos possíveis, e que um dia irá desaparecer. O mais insólito, é existirem pessoas que acreditam veemente que "Deus" fez tudo isto, só para elas! De acordo com as estimativas cientificas, no nosso "planetazinho" existem cerca de trinta mil milhões de espécies, das quais somente três mil milhões estão devidamente identificadas e classificadas, e em que uma delas é a nossa - Homo sapiens.. Portanto, a nossa espécie é apenas uma entre três mil milhões de espécies já classificadas das trinta mil milhões de espécies possíveis que habitam o nosso "planetazinho", que gira em torno de uma "estrelinha" (sol), que entre outras cem mil milhões de estrelas, compondo uma galáxia entre outras duzentas mil milhões de galáxias, num dos universos possíveis, e que um dia irá desaparecer. A nossa espécie tem neste momento aproximadamente sete mil milhões de individuos, e um deles é o que pergunta: - Sabe com quem está a falar? É apenas um individuo entre outros sete mil milhões de individuos que constituem uma espécie entre três mil milhões de espécies já classificadas das trinta mil milhões de espécies possíveis que habitam o nosso "planetazinho", que gira em torno de uma "estrelinha" (sol), que entre outras cem mil milhões de estrelas, compondo uma galáxia entre outras duzentas mil milhões de galáxias, num dos universos possíveis, e que um dia irá desaparecer. QUEM SOU EU PARA ACHAR QUE A ÚNICA MANEIRA DE FAZER AS COISAS É COMO EU FAÇO? QUEM SOU EU PARA ACHAR QUE A ÚNICA COR DE PELE ADEQUADA É A QUE EU TENHO? QUEM SOU EU PARA ACHAR QUE O ÚNICO LUGAR BOM PARA NASCER É ONDE EU NASCI? QUEM SOU EU PARA ACHAR QUE A ÚNICA LÍNGUA CORRECTA É A QUE EU FALO? QUEM SOU EU PARA ACHAR QUE A ÚNICA RELIGIÃO CERTA É A QUE EU PRATICO? - Sabe com quem está a falar? Sei. Com o Sub-qualquer da Sub-coisa! Luís Rosário in Crónicas insólitas

segunda-feira, 5 de março de 2012

A história insólita da tia Amparo.


Após este acontecimento, insólito por sinal, fiz uma pesquisa aprofundada sobre a causa que levara a tia amparo acabar o seu dia nas urgências de um hospital.
Pouco depois de o soutien ter sido introduzido na sociedade nova-iorquina, nos princípios do século, a sua inventora, Mary Phelps Jacob fazia as seguintes declarações: “Tenho em consideração que o corpo é o nosso único anúncio e que nós, as mulheres, não podemos impor-nos aos homens por meio de outro argumento. Tudo aquilo que fizermos para nos embelezarmos significa, simplesmente, investirmos em nós próprias” Algum atrevido que estava por perto e que escutou tais declarações, replicou: “Pois andem as mulheres despidas e conseguirão a máxima rendibilidade”, ao que a sagaz apostola do soutien respondeu: “A nudez é monótona, pelo que, por vezes, há que ajudar a natureza, que costuma cometer erros imperdoáveis com os nossos corpos”. Tinha razão Mary Phelps.
Desde a antiguidade, a mulher submetera-se a verdadeiras torturas para ocultar os estragos que o tempo podia fazer no seu próprio físico.
A mulher cretense, há quase 4000 anos, inventou o espartilho e uma espécie de soutien. Mas tratava-se de remédios ocasionais, com os quais não se podia manter o homem enganado durante muito tempo. Naquelas civilizações do mundo mediterrânico antigo, nas procissões de virgens e donzelas, apareciam umas mulheres com soutiens e outras com os seios descobertos, não havendo obviamente necessidade de perguntar ás que os cobriam, porque o faziam, pois o volume era denunciador.
Na Roma clássica conheceu-se o Strophium, que era uma faixa ou banda enrolada em torno do peito. Existem representações gráficas de atletas femininas cujo vestuário se reduzia a essa peça e a uma reduzida tanga. O conjunto formava um biquíni. Assim vestidas, as mulheres saltavam, subiam muros, trepavam pelas cordas e faziam piruetas se fosse preciso, chegando mesmo a lutar, sem correrem o risco de ficarem de “maminhas ao léu”.
Mas a idade média esqueceu aquela roupa intima: o brial e a camisola aprisionavam em demasia o peito, não permitindo evidenciar o busto das senhoras. Só às donzelas, como sinal de virgindade, se deixava marcar o contorno dos seios, o que não deveria ser nada fácil de conseguir.
Até meados do século XVIII, uma faixa de tela sustentava o peito, cruzando á frente, apertando atrás e atando-se depois ao pescoço.
Era uma armação aquilo que era preciso preparar por baixo das saias de musselina de cintura alta, que exigia um grande sacrifício, já que restringia e limitava muito os movimentos; aliado ao espartilho, fazia da mulher uma verdadeira mártir da estética, e tudo se sofria com agrado.
Em 1902, chegou a ser publicado na imprensa matutina inglesa um anúncio surpreendente: “ Melhoradores do busto cor de carne, muito confortáveis, a sete xelins. Não sofra mais”. A peça em questão era já o soutien moderno, herdeiro de um artefacto semelhante concebido em 1889, por Herminia Cadolle, que não conseguiu conquistar o mercado da época. Todavia a verdadeira defensora e paladina do soutien foi sem dúvida a nova-iorquina, Mary Phelps, que em 1914, conseguiu uma patente, na qual se proclama criadora do feliz invento. Mas porque raio, Mary se lembrou de desenvolver um soutien?
Ocorrera-lhe tal ideia, ao observar o entramado de barbas de baleia, cordões e faixas rosa, á maneira de uma armadura que as mulheres tinham de suportar. Rebelde para época, rebelou-se contra aquele estado de coisas com o grito: “Nunca me submeterei a essa humilhação. Eles que sofram (os homens, talvez). Abaixo o espartilho”. Com a ajuda da sua criada desenhou o seu dispositivo, valendo-se de dois lenços de bolso, uma faixa e um pouco de fio, e assim nasceu o 1º protótipo do soutien propriamente dito. A sua criada, que era francesa, exclamou: Voilá l`avenir…”eis o futuro”, e não se enganou.
Já na idade madura da sua vida, Mary Phelps, dizia sem amargura: “Não tem importância, pois fui eu quem prestou o maior serviço ás pessoas do meu sexo, e também não creio que isso tenha importância para as mulheres”.
Mas o mais paradoxo de tudo isto é que, dada a reduzida magnitude dos seus próprios seios, Mary não tirou directamente partido do seu invento. Naquela altura ainda não existiam as mamoplastias de aumento, para grande infelicidade de Mary, certamente.
Após esta breve resenha histórica já posso revelar a história da tia Amparo. A tia Amparo, era uma senhora muito querida, já com 93 anos de idade, e que estava particularmente afectada pela morte recente do seu marido.
E como é muito frequente nestas idades, ela decidiu suicidar-se.
Pensando que o melhor para ela seria acabar rápido com o assunto, foi buscar a velha pistola do exército que pertencera ao seu marido, e tomou a decisão de disparar um tiro certeiro no coração, já que estava destroçada pela dor da sua perda.
Não querendo falhar o tiro num órgão tão vital e tornar-se num vegetal e num fardo para os seus familiares, telefonou ao seu médico assistente para lhe perguntar onde ficava exactamente o seu coração.
O médico respondeu-lhe:
- “Dona Amparo, mas que pergunta?! … O seu coração está exactamente debaixo do seu seio esquerdo”.
E foi assim que a querida tia Amparo acabou nas urgências de ortopedia com um joelho totalmente desfeito. Com isto posso concluir, que o motivo deste infortúnio, foi porque a tia Amparo não estava naquele preciso momento de grande concentração e acuidade visual para proceder ao disparo, utilizando o seu soutien, que muitos joelhos já salvaram a muitas senhoras, desde a sua invenção por Mary Phelps.

Luís Rosário in Crónicas insólitas

quinta-feira, 1 de março de 2012

Prenda de natal envenenada!

Do mesmo modo que existem mitos na medicina, também existem ideias falsas sobre a religião, e dou alguns exemplos, tais como:

•O cristianismo é inimigo do prazer.
•O corão obriga as mulheres a usar véu.
•O corão proíbe as imagens.
•Os muçulmanos são árabes.
•A religião é o ópio do povo.
•O tantrismo é uma forma de budismo.
•O ZEN é japonês.
•Jesus nasceu no dia de natal.
•Etc…etc…etc…

As ideias falsas são as mais partilhadas e as mais tenazes também, e em matéria de religião, elas são fonte de preconceitos, mas também frequentemente, de intolerância.
Dos exemplos que mencionei entre muitos outros que podia citar, vou apenas partilhar a minha opinião sobre dois, que desde muito cedo, me despertou grande curiosidade. Vou aflorar um por motivos puramente religiosos e étnicos e aprofundar um pouco mais, outro, por motivos que se prendem com as crenças da maioria das pessoas e com a saúde, (minha área de interesse) como não podia deixar de ser.
O primeiro tema, prende-se com a ideia de que os muçulmanos são árabes, pois essa teoria não passa de um erro geográfico, e de uma verdade meramente teológica.
É um erro geográfico porque a maioria dos muçulmanos existentes no mundo não são árabes do ponto de vista étnico, e é uma verdade teológica porque todos eles são espiritualmente árabes, assim como todos os cristãos, segundo a expressão da Igreja, são “espiritualmente semitas”.
Em suma, um católico é romano mesmo que não habite a cidade “eterna”, e um muçulmano é árabe mesmo que seja chinês ou persa!
O segundo tema que irei abordar sempre me despertou muito interesse, e deve-se ao facto de julgarmos que Jesus nasceu no dia de natal.
Com toda a sinceridade, ninguém sabe precisamente onde e quando Jesus nasceu, contudo é considerado o novo Messias, nascido na “casa do pão” ou Belém.
Vejamos o seguinte: José e Maria residiam na aldeia de Nazaré, na Galileia, a oito dias de marcha a pé de Belém, logo é muito pouco provável em termos biológicos que uma mulher á beira de “dar á luz”, tenha conseguido fazer tal viagem em condições muito precárias e severas, mesmo para responder a uma ordem de recenseamento romano mencionado por S. Lucas, e mal confirmada pela história.
Pode ser que Jesus tenha nascido em Nazaré, mas a verdade é que não existe nenhuma prova concreta quanto ao seu local de nascimento. Assim sendo, como o nascimento de Jesus, ao contrário da sua morte (exactamente antes da Páscoa judaica), não está ligado a nenhuma festa do calendário, e pode ter lugar em qualquer época, talvez por este aspecto histórico, podemos dizer que o natal é quando um Homem quiser!
Mas, continuando o meu raciocínio, o natal seria o dia do nascimento (do latim natalis dies), também designado como o dia do “novo sol” (do gaulês noio hel). Em inglês, é a “missa de cristo” (Christmas), e em alemão, as “noites sagradas” (weihnachten). Estas hesitações etimológicas mostram que o natal foi entendido como um acontecimento teológico (nascimento de um Messias) e como um fenómeno astronómico (o regresso do sol). Esta 2ª explicação é, historicamente a 1ª explicação, porque o natal começou por ser uma festa do solstício de inverno (a diferença de 3 ou 4 dias parece não ter importância) em muitas religiões “pagãs” da Europa pré-cristã, nomeadamente nas religiões nórdicas ou de montanha, onde “cristo supremo” designação teológica, (o sol) designação astronómica, se esconde nos dias maus e faz recear uma noite eterna. Festejar o início de melhores dias, era então, o meio de exorcizar o medo de um frio perpétuo, de uma morte previsível, “se o sol não regenerasse”.
Em Roma, esta festa do “sol invencível” (sol invictus) foi oficializada pelo imperador Aurélio (270-275 d.C.), que se achava um rei-sol, ou um astro da cor do ouro (aurus).
Também foi associada ao culto Mitra, o Deus Iraniano, que simboliza as forças vitais como o sol e o touro.
Ora, a bíblia, para os mais curiosos que já tiveram a oportunidade de a ler, apresenta também o Messias como um “sol de justiça” e como um “astro nascente”.
Ao manter as datas das cerimónias pagãs para comemorar um importante acontecimento astronómico, a igreja tirou partido disso, e cristianizou uma velha festa da natureza, e fez com que o natal fosse celebrado a 25 de Dezembro a partir do ano 336 aproximadamente, no fim do reinado de Constantino, o 1º imperador cristão, cujo sol passou a representar o nascimento de cristo.
O natal, tornou-se também um nome de baptismo, mesmo que não houvesse nenhum São Natal ou um São Pascal, o importante mesmo, era datar precisamente o nascimento de Jesus para o tornar num acontecimento histórico e não numa lenda mitológica.
Jesus nasceu no dia do seu nascimento (é evidente) a que chamamos Natal (que é arbitrário). Em pleno inverno, a natividade aquece os corações mais gélidos e transmite vida sagrada a uma natureza morta pela severidade do inverno, e á medida que os missionários cristãos evangelizaram as zonas tropicais, o natal perdeu o seu carácter de festa do solstício de inverno, e como exemplo disso mesmo, no Equador, não existe o “sol invencível” ou vencível, uma vez que o “astro supremo”, o sol, entenda-se, nunca se põe.
Já no hemisfério sul, o natal é mesmo a festa do verão, o equivalente ao S. João nas nossas latitudes, e é o dia mais longo e o mais quente, o inverso absoluto do nosso 24 de Dezembro que bate normalmente recordes de frio com muita neve a pintar tudo de branco.
Como tal, nos dias de hoje, é possível ir para os trópicos celebrar o nascimento de Jesus para uns (os ricos), e o renascimento do sol para outros (os mais ricos), a fim de festejar o natal sob os coqueiros das praias, queimando a pele aos raios do sol que não é invencível nem vencível, mas que dá um contributo enorme para o aumento crescente do cancro da pele (melanoma); talvez como uma prenda de natal envenenada.

"O médico que só sabe medicina nem medicina sabe".
Prof. Abel Salazar

Luís Rosário in Crónicas insólitas

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Vende-se Morango e Fruta


Vende-se Morango e Fruta

É possivel que já tenha acontecido a muitos, assim como a mim!
Quem já não comprou aquelas caixas com morangos vermelhos belíssimos vendidos por vendedores ambulantes, nas margens do asfalto das estradas do interior ou até mesmo em feiras e supermercados?
Aquela cor vermelha viva, cravada de pequenas sementinhas verdes são um verdadeiro abismo á tentação e consequentemente ao consumo.
Chegamos a casa, largamos tudo, e vamos directos para a cozinha, experimentar algumas daquelas delicias.
Começamos por tirar um, dois, três morangos da caixa e quando pegamos o quarto morango, começamos a perceber que o vermelho vivo fresco e saboroso para qualquer olhar, está apenas na superfície.
Imediatamente abaixo da primeira camada de morangos apetitosos encontra-se a camada que dá lucro ao esperto vendedor: morangos amassados, em parte apodrecidos e com aparência detestável, muitas vezes impróprios para consumo.
E nestes casos, acontece o seguinte: se foi a nossa primeira vez, ficamos chateados.
Se foi a segunda, ou a terceira, baixamos a cabeça e, com um suspiro significando “eu já sabia”, continuamos a lavar os morangos que conseguimos salvar daquela caixa e degustamos pedaços de felicidade num mar de desilusão.
Talvez este seja o motivo, e não outro, nomeadamente a ignorância humana elevada ao seu expoente máximo, que explique a razão, para o fenómeno do letreiro que vi recentemente, algures numa estrada do interior, onde constavam gravadas em letras parangonas cor de morango: “Vende-se morango e fruta”.
Obviamente que esta informação para além de ter um propósito comercial, cumpre também o dever civico de esclarecer qualquer pessoa que ainda tenha duvidas sobre o que são na realidade morangos, até porque morangos é uma coisa e fruta é outra!
A fruta a sério, é vendida a granel, livre de caixas e caixotes, acessivel aos olhos “espanhóis” e obviamente que é mais denunciadora dos seus defeitos, como habitualmente acontece com qualquer fruta em geral, claro!
Já o mesmo não acontece com os pobres morangos, amontoados em caixas, como sardinhas em lata, despromovidos da classe das frutas, mas portadores de um sentimento comum: serem (um delicioso) FRUTO, de uma enorme desilusão; humana obviamente, porque a inteligência é uma qualidade que não é herdada de igual modo por todos, assim como os morangos, nem todos são fruta, nem todos são bons!

Luís Rosário in Crónicas Insólitas

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Será a mediocridade uma vantagem biológica ou a burrice uma ciência?

Depois de ouvir e ler muitos disparates, desde que tenho a lucidez para perceber o que é certo e o que é errado, fruto obviamente da maturação do lobo frontal, que tenho uma curiosidade imensa de investigar e partir em busca de provas que respondam cabalmente á pergunta que António Aleixo, ilustre poeta português, nos fez, mas que até á actualidade ainda ninguém respondeu!

“Quando ele, ainda jovem, acabou de pronunciar o seu discurso de estreia, foi perguntar a um velho amigo de seu pai o que tinha achado do seu primeiro desempenho perante aquela plateia de vedetas cheias de Poder.
O sábio colocou a sua mão no ombro dele e disse-lhe, em tom paternal:
- Meu jovem, cometeste um grande erro!
É imperdoável tal empenho, pois devias ter começado um pouco mais na sombra!
Devias ter gaguejado um pouco.
Com a inteligência que demonstraste hoje, deves ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos, porque o talento e a inteligência assusta!” Luís Rosário.

A maioria das pessoas encasteladas em posições de Poder, é medíocre e portadora de uma dose significativa de burrice, e tem por esse motivo, um indisfarçável medo do talento e da inteligência alheia!
Temos que admitir que, de um modo geral, os medíocres, ou melhor, os não portadores de capacidades intelectuais, são mais obstinados na conquista pelo Poder, porque sabem ocupar os espaços deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite pelo mesmo.
Mas é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de proteger o seu frágil Poder, com verdadeiras muralhas de granito por onde os talentosos não conseguem penetrar.
Em todas as áreas encontramos essas fortalezas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos.
Eles, os medíocres, conhecem bem as suas limitações, e sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizariam com uma “perna às costas”, porque na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres os repudiam para se defenderem!
É um paradoxo angustiante, mas infelizmente parece às vezes, que temos que viver segundo regras que contrariam a teoria do evolucionismo proposta por Charles Darwin, em que a inteligência humana se transforma numa espécie de desvantagem biológica perante esta vida minada de medíocres!
Que Deus os proteja, aos inteligentes, dos medíocres, Ámen!

“Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência.” António Aleixo

Luís Rosário in Crónicas insólitas